ele sempre soube que as coisas uma hora se iam. quando realmente se deu conta disso, tirou da sua cabeça todas as idéias de ''pra sempre'', e começou a ensaiar o convívio com o vazio que tudo que realmente lhe importava deixaria a qualquer hora.
é esse seu medo, com 6 letras e muitas formas, e que de muito ainda lhe privará.
pra ser mais exato, foi a partir de hoje que começou a perceber as coisas de sua cabeça não mais como sossego, e sim como algumas desculpas justificadas pra tudo que não quer viver. ele realmente não sabe, e faz de seu silêncio com mãos nos bolsos retrato do que realmente é, mesmo que não perceba.
ele realmente não te acha egoísta, mas também não consegue maldizer as coisas que pensa e faz; quando muito, tem nojo de si ao fingir não perceber o que o mesmo acaso de antes fez questão de gritar dentro dele e dela. ele queria mesmo era te pedir pra não tentar entender, e aceitar que seu reflexo musical em forma de pessoa tem o dom de transformar em merda tudo que pensa, toca e cala.
ele não vai te dizer que o seu melhor ainda está por vir, e que as coisas irão se ajeitar. ele sabia que você sabia, e você sabia a muito mais tempo que ele só queria não saber de nada. com a mesma força que faz pra encher o peito, queria mesmo que você não fosse uma página mal entendida, ou um título de capítulo que leva a imaginação do leitor aos seus amores de péssimos desfechos; que você fosse o descaso de uma roupa social amassada, o amargo de um trago na garganta, e a leveza de cantar nossas músicas com qualquer fumaça que me deixe bem. só não o leve mal; você bem sabe que tudo isso é influência dos péssimos amigos que possui.
e assim, não sente vontade que saiba de todas as coisas que passam pela sua cabeça. em um mundo onde ser diferente do outro é estar bem, admira sua vontade de querer ser igual a todos que só conseguem irradiar coisas boas. realmente é feliz por saber como você se parece com os ídolos que tem em comum.
mas é isso. se convenceu na vida que as coisas não precisam de motivo pra serem perfeitas, e seria injusto procurar alguma desculpa quando o fim de tudo chega. o que pode fazer é soltar suas mãos, sorrir sem dentes, e não culpar nada nem ninguém pelo caminho que as coisas resolveram tomar.
"Sempre pensei que aquilo que tocaria iria se converter em ouro. Olha só...
Mas tudo que eu toco se converte em merda."
Same Love, Same Rain - Juan José Campanella