terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dorme

dorme bem meu bem, esse sono que uma lua invejada por estrelas vela na eterna saudade do sol. dorme e não perceba que sonhos não são nada mais que a vida passando de olhos fechados, nada mais do que mãos gesticulando diálogos embaixo do travesseiro. dorme e sente que a metade vazia da sua cama nunca esteve tão ocupada, e que a tristeza que murcha sua voz já foi embora faz tempo. dorme meu bem, dorme e esquece tudo que um dia já te fez sorrir.

dorme pra não ter chance de entender o porque de seu cabelo ter amanhecido tão bonito, o porque do seu corpo ter acordado tão vivo. só dorme meu amor, só dorme. dorme pra correr o risco de acordar no meio da noite e sentir-se bem, sem notar que um dedo nina sua bochecha e outro contorna seu sorriso. dorme pra soltar uma risada no meio de um sonho qualquer, e fazer da noite do seu quarto manhã de verão em pleno inverno. dorme minha pequena, se ajeita nesse mundo de almofadas e dorme.

dorme pra se mexer de noite, pra bagunçar os lençóis e apagar os rastros de quem cuidou do teu sono. dorme e não note que seu cobertor lhe abraça como se alguém o tivesse vestido em você, enquanto montanhas russas na neve fazem sua noite passar depressa e despreocupada. dorme pra não ver o esforço que é tocar seu rosto e não te beijar. dorme e sente de novo a angústia de não ver o telefone tocando. dorme assim linda, descansa que amanhã sua casa vai ter música.

dorme, dorme com a mesma leveza das suas mãos. dorme que agora eu vou embora, a lua me chama e você dormindo não pode fazer nada. dorme pra não saber que o arrepio sem motivos que a manhã lhe trará é um sussurro, dizendo que você basta até mesmo de olhos fechados. dorme, dorme que eu te amo, e te ver dormindo cura a insônia dos meus problemas. dorme meu amor, dorme.