terça-feira, 9 de setembro de 2014

Tônho

“poxa, me abraça!”, e reafirmo aqui a exclamação de Tônho que existia em meus braços circundados à sua grandeza de sem mesuras. tinha o cheiro doce desses homens de caráter rijo que se anunciam em corredores pela brisa de janelas entreabertas, aromas intermitentes nos sopros que chegam sempre quando bem entendem as vontades de Deus. na sua barba madura me pontilhava o rosto as lembranças de Ênio, vizinho meu que sacolejava em elegância suas passadas abengaladas. ainda hoje, quando encontro a porta de seu antigo apartamento escancarada em privacidade própria de nossos tempos, sinto no calçamento de minhas saudades a borracha de seu apoio ameno; do doce das suas camisas sempre desabotoadas no peito sem segredo. Tônho tem esse frescor no hálito, as ideias sacolejantes mais norteadas que já se pode saber. quando se desfez em finitude dentro de meus braços, rendeu almas e clavículas num companheirismo trôpego de fim de sábado. quem sabe segunda não se dê folga pra confusão dos adomingueiros. quem sabe.

"Eu quero dormir e você precisa dançar."
Tonio Kroeger - Thomas Mann