“poxa, me abraça!”, e reafirmo aqui a exclamação de Tônho que
existia em meus braços circundados à sua grandeza de sem mesuras. tinha o
cheiro doce desses homens de caráter rijo que se anunciam em corredores pela
brisa de janelas entreabertas, aromas intermitentes nos sopros que chegam
sempre quando bem entendem as vontades de Deus. na sua barba madura me
pontilhava o rosto as lembranças de Ênio, vizinho meu que sacolejava em
elegância suas passadas abengaladas. ainda hoje, quando encontro a porta de seu
antigo apartamento escancarada em privacidade própria de nossos tempos, sinto
no calçamento de minhas saudades a borracha de seu apoio ameno; do doce das
suas camisas sempre desabotoadas no peito sem segredo. Tônho tem esse frescor
no hálito, as ideias sacolejantes mais norteadas que já se pode saber. quando se
desfez em finitude dentro de meus braços, rendeu almas e clavículas num
companheirismo trôpego de fim de sábado. quem sabe segunda não se dê folga pra
confusão dos adomingueiros. quem sabe.
"Eu quero dormir e você precisa dançar."
Tonio Kroeger - Thomas Mann
"Eu quero dormir e você precisa dançar."
Tonio Kroeger - Thomas Mann