domingo, 29 de maio de 2011

Hard Sun

Tenho na dúvida olhos atentos, retrato esse de quem me vê detalhado de teus próprios traços, seguro da minha ausência no vivo do teu gesto. Não quero perto por ter sido longe, e sim por não saber a distância disso tudo até a manhã de amanhã que me arrasta de você. Se nas horas que mais se precisa dizer houvesse uma palavra - qualquer que fosse uma essa palavra -, ouviria com calma o espaço que sobra, todo o muito que é parte agora de teus segredos, qualquer que fosse minha essa falta, qualquer que fosse de ti a calma que repleta minha paz. Faço assim hoje: não te trago cá agora. Sei do completo que é ser perto na distância do outono, na paixão da música que tanto espera, que tanto espera a última vez de ser ouvida pela primeira vez.

Quero que neste espaço que ocupa haja teu e só teu o teu espaço, haja teus vícios que desconheço, tuas boas lembranças que faço vivas, onde saiba sozinha ser tão minha como são as palavras de quem ainda não sabe: devotas e eternas, mesmo que apenas pelo enquanto que logo passa. E quando sinto do fundo da minha alma a falta de algo que de certeza nunca terei, te empurro pra longe pra continuar sendo só tua eternidade a busca pela qual disponho minha vida, ainda que sem querer, ainda que na inocência de quem vive pela mansidão da saudade, por não ver mal em andar de costas e agradecer por tudo que é.

De fato que agora não preciso de nenhuma garantia, de coisa alguma que não essa brisa que de nada lembra calma, que de nada amansa o descompasso do nosso peito, essa busca da certeza na desordem do tempo do acaso. Que soubesse sair. Que de fato, agora outro, houvesse mesmo esse grande sol, batesse em quaisquer que fossem os claros os olhos, de berço livres do tempo do nosso tempo, da descalmaria de logo as sete, de logo que me ergo no alto desse andar cabisbaixo, orgulhoso que é dessa pressa que deposito na tua estrada que sinto infinita e destinada.