domingo, 8 de fevereiro de 2009

Vida

A vontade de sermos diferentes, ou a convicção de que, por um carinho especial do acaso, somos privilegiados e mais especiais do que o resto do mundo, é um erro e um destino.

Pior do que ter desgosto ao ver o materialismo, pessoas trabalhando como máquina, vidas sem sentido... , é perceber que, você, o cara mais bacana do universo, é um desses. Você, além de ter que acordar cedo como todos esses outros, pegar o ônibus, bater o cartão e ir ao shopping nos fins de semana e dias santos, faz pior. Ao contrário do mundo, você tem noção de toda essa submissão e não faz nada. Faz muito pior, já que apenas se entrega escondido atrás de fantasias, enquanto espera o destino bater na sua porta e lhe entregar as passagens para Paris. Aí sim, finalmente, vai poder mostrar o conhecimento que adquiriu com todos os livros, com todas as óperas e restaurantes chiques, pagos com horas de infelicidade atrás de uma tela, com todos os sonhos e falsas idealizações sobre si mesmo. Mas mesmo sabendo disso tudo, continua sonhando. Tá tudo bem!

Tá tudo bem! Eu também ainda não estou pronto pra aceitar que a vida é isso. Não estou pronto e me apego em alguma coisa que não sei o que é. Talvez fé, talvez esperança, talvez até mesmo alguém que pense como eu. Como já dizia a Doutora Dindinha, ser ignorante é ser feliz! Ter tamanha ignorância que te faça capaz de querer saber de todas as coisas, mas não sentir vontade de entender. Lhe faça ter o desejo de seguir algum caminho, e não um destino feito. De ser igual a todo mundo, de um jeito só seu, sem se importar com nada nem ninguém. É simplesmente fazer tudo que todos sabem ser necessário pra se feliz, mas ninguém consegue.

Enquanto isso, leio, ouço, janto e fico pronto! Um dia, o destino bate na porta e entrega as nossas passagens.