quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Amadurecer

Acho que não é só ficar mais velho, ter (ensaiar) a tal da barba, falar grosso e muito menos coisa alguma daqueles discursos sobre as tais responsabilidades de uma vida adulta ou de um mundo cão. Também tenho certeza de que não se trata daquela fase adolescente em que, ao estufar o peito, olhamos pro nada e pensamos ''é meu irmão, cresci!''. Como quase todas as coisas na nossa vida, amadurecer é um momento curto que acontece a todo instante, mas que só é percebido quando realmente estamos prontos pra ver nossa melhora com olhos isentos de sentimentos e erros.

Olhar pra trás e rir de tudo é estranho, mas não mais do que apenas ficar atônito na frente das lembranças. Só que olhar pra todo emaranhado de fios de passado, desembaraçar e conseguir fazer um casaco de experiências , mesmo sendo bonito, é humanamente impossível pra todo eu que conheço dentro de mim. Talvez o impossível seja vesti-lo, já que, no dia em que me considerar do tamanho certo pra ele, com certeza irá apertar no pescoço e na humildade; e nos dias em que me julgar pouco pra tanto pano, vai faltar cintura e amor próprio. Se não vai ter como vestir nunca, porque insistir em desembaraçar as lembranças? Ainda não me convenci.

Mesmo assim, faço tudo isso. E pra ser sincero, faço quase todas as coisas que digo serem feias ou atrasadas. O que me deixa realmente feliz, é ter uma consciência que me julga em cada omissão, em cada olhar, e em todo momento que penso ter ficado melhor do que um dia possa ter realmente sido.

Por enquanto acho isso. É tudo o que meu amadurecimento deixa, é tudo que me permito.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Vida

A vontade de sermos diferentes, ou a convicção de que, por um carinho especial do acaso, somos privilegiados e mais especiais do que o resto do mundo, é um erro e um destino.

Pior do que ter desgosto ao ver o materialismo, pessoas trabalhando como máquina, vidas sem sentido... , é perceber que, você, o cara mais bacana do universo, é um desses. Você, além de ter que acordar cedo como todos esses outros, pegar o ônibus, bater o cartão e ir ao shopping nos fins de semana e dias santos, faz pior. Ao contrário do mundo, você tem noção de toda essa submissão e não faz nada. Faz muito pior, já que apenas se entrega escondido atrás de fantasias, enquanto espera o destino bater na sua porta e lhe entregar as passagens para Paris. Aí sim, finalmente, vai poder mostrar o conhecimento que adquiriu com todos os livros, com todas as óperas e restaurantes chiques, pagos com horas de infelicidade atrás de uma tela, com todos os sonhos e falsas idealizações sobre si mesmo. Mas mesmo sabendo disso tudo, continua sonhando. Tá tudo bem!

Tá tudo bem! Eu também ainda não estou pronto pra aceitar que a vida é isso. Não estou pronto e me apego em alguma coisa que não sei o que é. Talvez fé, talvez esperança, talvez até mesmo alguém que pense como eu. Como já dizia a Doutora Dindinha, ser ignorante é ser feliz! Ter tamanha ignorância que te faça capaz de querer saber de todas as coisas, mas não sentir vontade de entender. Lhe faça ter o desejo de seguir algum caminho, e não um destino feito. De ser igual a todo mundo, de um jeito só seu, sem se importar com nada nem ninguém. É simplesmente fazer tudo que todos sabem ser necessário pra se feliz, mas ninguém consegue.

Enquanto isso, leio, ouço, janto e fico pronto! Um dia, o destino bate na porta e entrega as nossas passagens.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A vida é o que imagino.

Essa vontade ser culto, saber tudo sobre todas as coisas, mas de um jeito diferente. Juntar todas as opiniões relevantes, ao ponto de perceber que nenhuma opinião é de se jogar fora. Pensar o que ninguém jamais teve a chance de sonhar e esquecer depois. Ser diferente, mas de um jeito igual a todas as pessoas que invejo. Invejo por serem queridas por alguém, por terem um lugar só delas, que ninguém pudesse substituir. Poder achar respostas pra tudo e, finalmente, abandonar os malditos clichês. Emplacar os meus, poder ter uma certeza bem no fundo de que, de alguma forma, fui útil pra alguém que jamais irei conhecer. Escrever algo que não faça a mínima questão de ler depois, e independente da repercussão, viver feliz sem ter vontade de lembrar como foi. Ter tudo, e mesmo assim, conseguir apenas agradecer com todo o coração. Me convencer de corpo e alma de uma verdade plena, ou desistir logo de encontrar alguma. Voltar a ser criança todas as vezes que visse ela na minha frente. Fazer ela rir sem parar, até que me convença de que não sou sozinho na vontade de ficar pra sempre ali.

Se a vida for realmente o que imagino, então não basta ser criativo.