sexta-feira, 27 de março de 2009

Se defina

Todo mundo espera alguma coisa de si mesmo, já que, querendo ou não, nos achamos santos. Nunca furaríamos uma fila, não fingiríamos estar dormindo no banco preferencial do ônibus, jamais veríamos o troco errado sem devolver ou ultrapassaríamos pelo acostamento. A nossa missão é, sem mais nem menos, falar mal de todos os monstros que fazem essas atrocidades.

Uma vez, o pai de um amigo me disse ser fácil essa ''auto canonização'', já que, quando resolvemos isso, não estamos com fome, temos uma casa aconchegante, nossos filhos estão bem e nada nos incomoda. Me sugeriu, então, tentar pensar assim quando tivermos uma arma na mão e nossa família esteja correndo perigo. E agora? Santos ou não?

Junto dessa (in)certeza sobre nossa santidade, temos uma certa consciência de que ''todo anjinho tem seu dia de capeta''. Uma vez ou outra, é permitido atribuir ao mal humor o fato de passar em frente ao vizinho sem olhar na cara, ou ficar chateado quando alguém pisar na sua unha encravada, no ônibus lotado do fim de tarde. Quem se importa?

Eu não vou pedir desculpas, mas não tenho muita idéia do ''porque'' de ter escrito isto. Deve estar, apenas, desenferrujando.