*ele bate na janela.
cheguei cedo pro treino?
hoje não vai ter treino não. nem treino, nem ensaio.
oxênte, porque?
por nada.
nada e o que mais?
mais que eu tenho mais o que fazer além do que ficar aqui olhando pra tua cara de lézo!
e depois?
que depois?!
depois que tu fizer o que tu tem que fazer além de ficar aqui olhando pra minha cara de lézo.
eu, tu? não esperava não.
*ela chora.
*passos pra trás, riso das palavras que não cabem.
eu não vou esperar mesmo não. sabe porque? porque esse tal amor que o personagem finge que sente; amor dessa qualidade que tem paciência até pra esperar entre o anúncio e outro pra somente não voltar a se apresentar, concluiu que tinha fingido que tinha começado... esse tal amor é somente amor de ficção. é muito diferente desse negócio aqui que eu sinto aqui (torce a camisa), esse negócio de doido que eu não encontro nome nem em outras palavras existentes; e que não tem som nem letra escrita que explique como ele é exagerado.
*respiram.
onde foi que tu leu isso?
eu nem li, nem decorei, nem sei repetir de novo. porque sentimento sentido de verdade não carece de ser documentado em papel, romance, nem filme de cinema; pois não é da conta de mais ninguém a não ser da pessoa que sente, além da outra responsável pelo afeto causado.
*ele pula a janela.
a conversa aqui é só entre tu e eu e eu e tu. fingi somente uma vez que tu é tu, que é pra ver se tu descobre o que tu sente! porque esse beijo que eu vou te dar agora, esse vai ser meu de verdade.
*dançam sem música, nem beleza; e a história acontece.
A Máquina: O Amor É o Combustível - João Falcão